Do discurso em vídeo traduzido abaixo, proferido na ONU pelo primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na segunda-feira, as agências internacionais de notícias e por conseguinte os jornais e revistas destacaram o trecho sobre o Irã representar uma ameaça maior do que o Estado Islâmico, dada a possibilidade de enriquecer urânio para a fabricação de bombas atômicas. Nesta quarta-feira, o primeiro-ministro ainda
advertiu o presidente Barack Obama para os riscos de um acordo com Teerã que permitiria ao Irã se tornar uma potência nuclear.
Tudo muito importante, sem dúvida. Mas, no título deste post, chamo a atenção para outro trecho do discurso, naturalmente ignorado pelas agências pautadas pela ONU: o momento em que Netanyahu detona o Conselho de Direitos Humanos da entidade, cuja comissão de investigação sobre possíveis crimes de guerra cometidos na Operação Limite Protetor na Faixa de Gaza, acrescento eu, é liderada pelo professor canadense de Direito William Schabas, um sujeito – imagine – com um farto
histórico de declarações contra o primeiro-ministro, incluindo esta preciosidade: “O meu favorito seria Netanyahu no banco dos réus do Tribunal Penal Internacional.” Mui isento e imparcial o sr. Schabas, não?
Como disse ainda em agosto o
craque em desmascarar a ONU, Hillel Neuer: “Você não pode passar vários anos clamando pelo julgamento de alguém, e, de repente, agir como seu juiz. É um absurdo – e uma violação das regras mínimas do devido processo legal aplicável a missões de investigação da ONU.” Nesta terça, Neuer deu também uma ótima entrevista ao Wall Street Journal sobre esse absurdo, que pode ser assistida
aqui. Nela, ele mostra que até um colega de Schabas, o ícone dos direitos humanos Aryeh Neier, diretor fundador do Human Rights Watch, ex-chefe da ACLU, e presidente emérito da Open Society Foundation do
dono do mundo, George Soros,
declarou que o canadense “deveria se recusar” a liderar a comissão, dada a sua declaração anterior contra Netanyahu. Com isso, Aryeh minou a alegação de Schabas de que as únicas pessoas que acreditam que ele deve sair são críticos da ONU.
Na véspera, um apelo semelhante veio do ex-reitor da faculdade de direito da Universidade Hebraica, Mordechai Kremnitzer, que também atua no conselho público do grupo de direitos humanos de B’Tselem: ”O dano para a investigação é redobrado quando seu presidente já declarou seu desejo de ver o primeiro-ministro de Israel no banco dos réus no Tribunal Penal Internacional”, escreveu Kremnitzer. “Ele não pode ser percebido como um investigador imparcial.” Mas não tem fim o cinismo anti-Israel dos esquerdistas da ONU, tantas vezes exposto neste blog durante a
cobertura do conflito com o Hamas.
Para piorar, em discurso na entidade na última semana, o líder palestino Mahmoud Abbas ainda acusou Israel de conduzir uma “guerra de genocídio” em Gaza, de modo que Netanyahu tinha todos os motivos para distribuir umas bordoadas com a firmeza de sempre, colocando o Conselho de Direitos Humanos, vulgo “Conselho de Direitos dos Terroristas”, em seu devido lugar.
Só faltou ele
zombar do discurso de Dilma em prol do diálogo com o terror, mas a gente entende que uma anã diplomática não merece essa honra.
* Tradução de Brenda Kampel Brafman, revisada apenas em parte, na pressa do dia, por Felipe Moura Brasil:
Venho aqui de Jerusalém para falar em nome do meu povo, o povo de Israel. Eu vim aqui para falar sobre os perigos que enfrentamos e sobre as oportunidades que vemos. Eu vim aqui para expor as mentiras descaradas ditas desta tribuna contra o meu país e contra os nossos bravos soldados.
Senhoras e senhores: o povo de Israel reza pela paz. Mas as nossas esperanças e a esperança do mundo para a paz está em perigo. Porque todo lugar para onde olhamos, o Islã militante está em marcha. Não é militante. Não é o Islã. É o Islã militante. Normalmente, as primeiras vítimas são os outros muçulmanos, mas não poupa ninguém: cristãos, judeus, curdos yazidis – nenhum credo, nenhuma fé, nenhum grupo étnico. E isso está se espalhando rapidamente em todas as partes do mundo. Porque o objetivo final é dominar o mundo.
Agora, essa ameaça pode parecer exagerada para alguns, uma vez que começa pequena, como um câncer que ataca uma parte específica do corpo. Mas, se não for controlado, o câncer cresce, metástase em áreas cada vez mais amplas. Para proteger a paz e a segurança do mundo, precisamos remover esse tipo de câncer antes que seja tarde demais.
Na semana passada, muitos dos países aqui representados, com razão, aplaudiram o presidente Obama para liderar o esforço para enfrentar o ISIS. E ainda semanas antes, alguns desses mesmos países, os mesmos países que agora confrontam o ISIS, se opuseram a Israel para enfrentar o Hamas. Eles evidentemente não entendem que ISIS e Hamas são ramos da mesma árvore venenosa. ISIS e Hamas compartilham uma crença fanática, que eles tanto procuram impor muito além do território sob seu controle.
Ouça a autodeclaração do califa do ISIS, Abu Bakr al-Baghdadi. Isto é o que ele disse há dois meses: “Em breve os muçulmanos vão andar por toda parte como um mestre… Os muçulmanos farão o mundo entender o significado de terrorismo… e destruir o ídolo de democracia”.
Agora ouçam Khaled Meshaal, líder do Hamas. Ele proclama uma visão similar do futuro: “Dizemos isso para o Ocidente… Por Deus, você será derrotado. Amanhã a nossa nação vai sentar-se no trono do mundo”.
Como a “Carta do Hamas” deixa claro, o objetivo imediato do Hamas é destruir Israel. Mas o Hamas tem um objetivo mais amplo. Eles também querem um califado. O Hamas compartilha as ambições globais de seus companheiros militantes islâmicos.
Assim, quando se trata de seus objetivos finais, o Hamas é ISIS e ISIS é o Hamas.
E o que têm em comum, todos compartilham militantes islâmicos em comum: Boko Haram na Nigéria; Ash-Shabab na Somália; Hezbollah no Líbano; An-Nusrah na Síria; o Exército Mahdi no Iraque; e os ramos da Al-Qaeda no Iêmen, Líbia, Filipinas, Índia e outros países.
Alguns são sunitas radicais, alguns são xiitas radicais. Alguns querem restaurar um califado pré-medieval a partir do século 7. Outros querem provocar o retorno apocalíptico de um imã do século 9. Eles operam em diferentes países, eles têm como alvo diferentes vítimas e até mesmo matar uns aos outros em sua busca pela supremacia. Mas todos eles compartilham uma ideologia fanática. Todos eles procuram criar em constante expansão enclaves do islamismo militante, onde não há liberdade e não há tolerância – onde as mulheres são tratadas como escravos, os cristãos são dizimados e as minorias são subjugados, por vezes, dada a difícil escolha: converter ou morrer. Para eles, qualquer um pode ser um infiel, incluindo outros muçulmanos.
Senhoras e senhores: a ambição militante do Islã dominar o mundo parece loucura. Mas o mesmo aconteceu com as ambições globais da outra ideologia fanática que chegou ao poder oito décadas atrás. Os nazistas acreditavam em uma raça superior. Os militantes islâmicos acreditam em uma fé mestre. Eles só discordam sobre quem entre eles será o mestre… da fé mestre. Isso é o que eles realmente discordam. Portanto, a questão diante de nós é se o Islã militante terá o poder de realizar as suas ambições desenfreadas.
Há um lugar onde que poderia acontecer em breve: O Estado Islâmico do Irã. Por 35 anos, o Irã tem implacavelmente perseguido a missão global que foi estabelecida por seu regente fundador, o aiatolá Khomeini, com estas palavras: “Nós vamos exportar nossa revolução para o mundo inteiro. Até o grito “Não há Deus senão Alá” ecoará por todo o mundo sobre…”. E, desde então, executores brutais do regime, Guarda Revolucionária do Irã, fizeram exatamente isso. Ouça o seu atual comandante, o general Muhammad Ali Ja’afari. E ele afirmou claramente este objetivo. Ele disse: “Nossa Imam não limitou a Revolução Islâmica para este país… Nosso dever é preparar o caminho para um governo mundo islâmico…”
O presidente do Irã Rouhani estava aqui na semana passada, e derramou lágrimas de crocodilo sobre o que ele chamou de “a globalização do terrorismo”. Talvez ele deva nos poupar dessas lágrimas falsas e pedir para cancelar a campanha de terror global do Irã, que incluiu ataques em duas dezenas de países nos cinco continentes desde 2011.
Agora, alguns ainda argumentam que a campanha global do terror do Irã, sua subversão de países em todo o Oriente Médio e para muito além do Oriente Médio, alguns argumentam que este é o trabalho dos extremistas. Eles dizem que as coisas estão mudando. Eles apontam para as eleições do ano passado em Irã. Eles alegam que o presidente fala suave do Irã e ministro das Relações Exteriores, eles mudaram não só o tom da política externa do Irã, mas também a sua substância. Eles acreditam que Rouhani e Zarif realmente querem se reconciliar com o Ocidente, que eles abandonaram a missão global da Revolução Islâmica.
Sério? Então, vamos olhar para o que o chanceler Zarif escreveu em seu livro alguns anos atrás: “Nós temos um problema fundamental com o Ocidente e especialmente com a América. Isto porque somos herdeiros de uma missão global, que está ligada à nossa razão de ser…” E então Zarif faz uma pergunta, eu acho interessante. Ele diz: “Como é que a Malásia [ele está se referindo a um país predominantemente muçulmano] – como é que a Malásia não tem problemas semelhantes?” E ele responde: “Porque a Malásia não está tentando mudar a ordem internacional”. Esse é o seu moderado.
Portanto, não se deixe enganar por manipuladora ofensiva de charme iraniano. Ele foi projetado para uma finalidade e com apenas um propósito: para levantar as sanções e remover os obstáculos ao caminho do Irã para a bomba. A República Islâmica está agora tentando encurtar o seu caminho para um acordo que irá remover as sanções que ainda enfrenta, e deixá-lo com a capacidade de milhares de centrífugas para enriquecer urânio. Isso equivaleria a cimentar o lugar do Irã como potência nuclear militar limite. No futuro, em um momento de sua escolha, o Irã, o estado mais perigoso do mundo, na região mais perigosa do mundo, iria obter as armas mais perigosas do mundo. Permitir que isso aconteça representa a ameaça mais grave para todos nós. Enfrentar militantes islâmicos em picapes, armados com fuzis Kalashnikov, é uma coisa. Enfrentar militantes islâmicos com armas de destruição em massa é outra.
Lembro que, no ano passado, todo mundo aqui estava preocupado com as armas químicas na Síria, incluindo a possibilidade de que elas caíssem nas mãos de terroristas. Isso não aconteceu. E o presidente Obama merece grande crédito por liderar o esforço diplomático para desmontar praticamente toda a capacidade de armas químicas da Síria. Imagine quanto mais perigoso o Estado Islâmico, ISIS, seria se ele possuísse armas químicas. Agora imagine o quanto mais perigoso o estado islâmico do Irã seria se ele possuísse armas nucleares.
Senhoras e senhores: vocês deixariam o ISIS enriquecer urânio? Vocês deixariam o ISIS construir um reator de água pesada? Vocês deixariam o ISIS desenvolver mísseis balísticos intercontinentais? Claro que não. Então vocês não devem deixar o estado islâmico do Irã fazer essas coisas também. Porque eis o que vai acontecer: uma vez que o Irã produza bombas atômicas, todo o charme e todos os sorrisos vão desaparecer de repente. Eles vão desaparecer. É então que os aiatolás vão mostrar a verdadeira face e libertar o seu fanatismo agressivo em todo o mundo.
Há somente um curso de ação responsável para enfrentar essa ameaça: a capacidade militar nuclear do Irã deve ser completamente desmontada. Não se engane – o ISIS deve ser derrotado. Mas derrotar o ISIS e deixar o Irã como potência nuclear limite é vencer a batalha e perder a guerra. Para derrotar ISIS e deixar o Irã como potência nuclear limite é vencer a batalha e perder a guerra.
Senhoras e senhores: a luta contra o Islã militante é indivisível. Quando o Islã militante sucede em qualquer lugar, ele é encorajado em todos os lugares. Quando sofre um golpe em um lugar, é um retrocesso em todos os lugares. É por isso que a luta de Israel contra o Hamas não é apenas a nossa luta. É a sua luta.
Israel está lutando contra um fanatismo hoje que seus países podem ser forçados a lutar amanhã. Durante 50 dias no verão passado, o Hamas disparou milhares de foguetes contra Israel, muitos deles fornecidos pelo Irã. Eu quero que você pense sobre o que seus países fariam se milhares de foguetes fossem disparados contra suas cidades. Imaginem milhões de seus cidadãos com segundos, no máximo, para embaralhar a bombardear abrigos, dia após dia. Você não deixaria terroristas dispararem foguetes contra suas cidades com impunidade. Nem você deixaria terroristas cavarem dezenas de túneis de terror sob suas fronteiras para se infiltrar em suas cidades, a fim de matar e sequestrar seus cidadãos. Israel se defendeu contra ambos: os ataques com foguetes e os túneis terroristas.
No entanto, Israel também enfrentou outro desafio. Enfrentamos uma guerra de propaganda. Porque, em uma tentativa de ganhar a simpatia do mundo, o Hamas cinicamente usou civis palestinos como escudos humanos. Eles estavam em escolas, não apenas escolas – escolas da ONU, casas particulares, mesquitas, até mesmo hospitais para atirar foguetes em Israel.
Como Israel atingiu cirurgicamente os lançadores de foguetes e os túneis, civis palestinos foram trágica mas involuntariamente mortos. Há imagens comoventes que alimentaram acusações caluniosas de que Israel estava deliberadamente contra civis. Nós não estávamos. Lamentamos profundamente cada vítima civil.
A verdade é esta: Israel estava fazendo de tudo para minimizar as baixas civis palestinos. O Hamas estava fazendo de tudo para maximizar a morte de civis israelenses e mortes de civis palestinos. Israel jogou flyers, fez telefonemas, enviou mensagens de texto e avisos de transmissão em árabe na televisão palestina, sempre para permitir que civis palestinos evacuassem áreas específicas. Nenhum outro país e nenhum outro exército na história ter ido para comprimentos maiores para evitar baixas entre a população civil de seus inimigos. Esta preocupação com a vida dos palestinos foi ainda mais notável, uma vez que civis israelenses estavam sendo bombardeados diariamente por foguetes, noite após noite. À medida que suas famílias estavam sendo bombardeadas, os bravos soldados do IDF, os nossos meninos e meninas, mantiveram os mais altos valores morais que qualquer exército no mundo.
Os soldados de Israel merecem não condenação, mas admiração. Admiração de pessoas decentes em toda a parte. Veja o que o Hamas fez: incorporou suas baterias de mísseis em áreas residenciais e disse para os palestinos ignorarem os avisos de Israel para sair. E, no caso de pessoas não terem entendido a mensagem, eles executaram civis palestinos em Gaza, que ousaram protestar. E o que é não menos repreensível: o Hamas deliberadamente colocou seus foguetes onde as crianças palestinas vivem. Deixe-me mostrar uma fotografia. Ela foi feita por uma equipe de France 24, durante o recente conflito. Mostra dois lançadores de foguetes do Hamas, que foram utilizados para nos atacar. Você vê três crianças brincando ao lado deles. O Hamas deliberadamente colocou seus foguetes em centenas de áreas residenciais como esta. Centenas deles.
Senhoras e senhores: este é um crime de guerra. E eu digo ao presidente Abbas, estes são os crimes de guerra cometidos por seus parceiros do Hamas no governo de unidade nacional que você encabeça e do qual você é responsável. E estes são os crimes de guerra de verdade que você deveria ter investigado ou dos quais falado contra desta tribuna.
Senhoras e senhores: com as crianças israelenses amontoadas em abrigos e o sistema de defesa antimísseis Iron Dome de Israel interceptando foguetes do Hamas no céu, a diferença moral profunda entre Israel e Hamas não poderia ter ficado mais clara: Israel estava usando seus mísseis para proteger seus filhos. O Hamas estava usando seus filhos para proteger seus mísseis. Ao investigar Israel em vez de o Hamas por crimes de guerra, o Conselho de Direitos Humanos da ONU traiu sua nobre missão de proteger os inocentes. Na verdade, o que está fazendo é virar as leis da guerra de cabeça para baixo. Israel, que tomou medidas sem precedentes para minimizar as baixas civis, está condenado. O Hamas, que tanto alvejou e se escondeu atrás de civis – crime de guerra duplo – é dado como inocente.
O Conselho de Direitos Humanos está enviando assim uma mensagem clara para os terroristas em toda parte: use civis como escudos humanos. Use-os de novo e de novo e de novo. Sabe por quê? Porque, infelizmente, isto funciona. Ao conceder legitimidade internacional para o uso de escudos humanos, o Conselho de Direitos Humanos da ONU tornou-se assim um Conselho de Direitos dos Terroristas. E isto terá repercussões. Provavelmente, já teve… sobre o uso de civis como escudos humanos. Não é só o nosso interesse. Não são apenas os nossos valores que estão sob ataque. São seus interesses e seus valores.
Senhoras e senhores: vivemos em um mundo mergulhado em tirania e terror, onde os gays são enforcados em guindastes em Teerã, os presos políticos são executados em Gaza, as meninas são raptadas em massa na Nigéria e centenas de milhares são mortos na Síria, na Líbia e no Iraque. No entanto, quase a metade, quase a metade(!) das resoluções do Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas têm foco em um único país: Israel, a única verdadeira democracia do Oriente Médio, onde as questões são abertamente debatidas em um parlamento onde os direitos humanos são protegidos por tribunais independentes e onde as mulheres, os gays e as minorias vivem em uma sociedade genuinamente livre.
O tratamento preconceituoso do Conselho a Israel é apenas uma manifestação do retorno dos preconceitos mais antigos do mundo. Ouvimos alguns líderes nacionais compararem Israel com os nazistas. Esta não é uma função das políticas de Israel. É uma função de mentes doentes. E essa doença tem um nome. Isto se chama antissemitismo. Ele agora está se espalhando em uma sociedade civilizada, onde ele se disfarça como uma crítica legítima a Israel. Durante séculos o povo judeu tem sido demonizado com libelos de sangue e acusações de deicídio. Hoje, o Estado judeu é demonizado com o libelo de apartheid e acusações de genocídio.
Genocídio?
Em que universo moral que incluem genocídio aviso à população civil do inimigo para sair do caminho do mal? Ou garantir que eles recebam toneladas, toneladas de ajuda humanitária a cada dia, mesmo quando milhares de foguetes estão sendo disparados contra nós? Ou a criação de um hospital de campanha para ajudar a seus feridos? Bem, acho que é o mesmo universo moral onde um homem que escreveu uma dissertação de mentiras sobre o Holocausto, e que insiste em uma Palestina livre de judeus.
No passado, mentiras ultrajantes contra os judeus foram as precursores da matança de nosso povo. Mas não mais. Hoje o povo judeu tem o poder de nos defender. Vamos nos defender contra os nossos inimigos no campo de batalha. Iremos expor suas mentiras contra nós no tribunal da opinião pública. Israel vai continuar a ficar orgulhoso e inflexível.
Senhoras e senhores: apesar dos enormes desafios que Israel enfrenta, eu acredito que nós temos uma oportunidade histórica. Depois de décadas de ver Israel como inimigo, os Estados do mundo árabe reconhecem cada vez mais que enfrentam muitos dos mesmos perigos: isto significa principalmente armas nucleares em movimentos islâmicos iranianos e militantes que ganham terreno no mundo sunita. Nosso desafio é transformar esses interesses comuns para criar uma parceria produtiva para construir um Oriente Médio mais seguro, pacífico e próspero.
Juntos, podemos reforçar a segurança regional. Podemos avançar em projetos de água, agricultura, no transporte, na saúde, na energia, em tantos campos. Eu acredito que a parceria entre a gente também pode ajudar a facilitar a paz entre Israel e os palestinos e facilitar uma aproximação mais ampla entre Israel e o mundo árabe. Mas hoje em dia eu acho que pode funcionar ao contrário: ou seja, que uma aproximação mais ampla entre Israel e o mundo árabe pode ajudar a facilitar uma paz israelense-palestino. E, portanto, para alcançar a paz, devemos olhar não só para Jerusalém e Ramallah, mas também para o Cairo, para Amã, Abu Dhabi, Riade e outros lugares. Eu acredito que a paz pode ser realizada com o envolvimento ativo dos países árabes, aqueles que estão dispostos a prestar apoio político, material e outros apoios indispensáveis. Estou pronto para fazer um acordo histórico. Eu quero paz, porque eu quero criar um futuro melhor para o meu povo.
Mas deve ser uma paz genuína, que está ancorada no reconhecimento mútuo e duradouro com medidas de segurança. Porque, veja só, as retiradas de Israel do Líbano e de Gaza criaram dois enclaves militantes islâmicos nas nossas fronteiras, a partir das quais dezenas de milhares de foguetes foram disparados contra Israel. Essas experiências devem aumentar as preocupações de segurança de Israel em relação a potenciais concessões territoriais no futuro.
O Oriente Médio é um caos. Os militantes islâmicos estão preenchendo o vazio. Israel não pode ter territórios dos quais se retira tomados por militantes islâmicos, mais uma vez, como aconteceu em Gaza e no Líbano. Isso colocaria tipos como o ISIS dentro da faixa de terra – a poucos quilômetros – de 80% da nossa população. Pense sobre isso. A distância entre as linhas de 1967 e nos subúrbios de Tel Aviv é como a distância entre o prédio da ONU e o Times Square. Israel é um país minúsculo. É por isso que em qualquer acordo de paz obviamente vai exigir um compromisso territorial, eu sempre vou insistir para que Israel seja capaz de se defender por si só contra qualquer ameaça.
Como primeiro-ministro de Israel, foi-me confiada a enorme responsabilidade de assegurar o futuro do povo judeu e o futuro do Estado judeu. E não importa a pressão exercida, eu nunca vou hesitar em cumprir essa responsabilidade. Acredito que, com uma nova abordagem de nossos vizinhos, podemos avançar a paz, apesar das dificuldades que enfrentamos. Em Israel, temos um registro de tornar possível o impossível. Fizemos um floreio terra desolada. E com muito poucos recursos naturais, temos utilizado as mentes férteis de nosso povo para transformar Israel em um centro global de tecnologia e inovação.
A paz, é claro, permitiria a Israel realizar todo o seu potencial e trazer um futuro promissor não só para o nosso povo, não só para o povo palestino, mas para muitos, muitos outros em nossa região. Mas o modelo antigo para a paz deve ser atualizado. Deve-se levar em conta as novas realidades e novos papéis e responsabilidades para os nossos vizinhos árabes.
Senhoras e senhores: há um novo Oriente Médio. Ele apresenta novos perigos, mas também novas oportunidades. Israel está preparado para trabalhar com os parceiros árabes e a comunidade internacional para enfrentar esses perigos e para aproveitar essas oportunidades. Juntos, temos de reconhecer a ameaça global do islamismo militante, a primazia de desmantelar a capacidade de armas nucleares do Irã e do papel indispensável dos estados árabes em promover a paz com os palestinos. Tudo isso pode voar em face da sabedoria convencional, mas é a verdade. E a verdade deve sempre ser dita, especialmente aqui, nas Nações Unidas. Isaías, o grande profeta da paz, nos ensinou cerca de 3.000 anos atrás, em Jerusalém, a falar a verdade ao poder.
לְמַעַן צִיּוֹן לֹא אֶחֱשֶׁה
וּלְמַעַן יְרוּשָׁלִַם לֹא אֶשְׁקוֹט
עַד-יֵצֵא כַּנֹּגַהּ צִדְקָהּ
וִישׁוּעָתָהּ כְּלַפִּיד יִבְעָר.
Por uma questão de Sião, eu não vou ficar em silêncio.
Por uma questão de Jerusalém, eu não vou ficar quieto.
Até sua justiça brilha,
E sua salvação brilha como uma tocha flamejante.
Senhoras e senhores: vamos acender uma tocha da verdade e da justiça para proteger o nosso futuro comum. Obrigado.
http://veja.abril.com.br/blog/felipe-moura-brasil/2014/10/01/video-netanyahu-detona-onu-conselho-de-direitos-humanos-virou-conselho-de-direitos-dos-terroristas-lider-da-comissao-que-investiga-possiveis-crimes-de-guerra-em-gaza-tem-historico-de-declaraco/